quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O CONTADOR DE HISTÓRIAS



Trajetória

Roberto Carlos Ramos é uma exceção nas estatísticas brasileiras. Viveu dos 6 aos 13 anos de idade longe da família como interno da Febem. Analfabeto, usou drogas e roubou nas ruas de Belo Horizonte. Teve 132 fugas registradas no seu prontuário e foi considerado "um caso irrecuperável".
Mas ao contrário do que acontece com milhões de crianças e adolescentes em situação semelhante, não caiu na marginalidade. Aos 13 anos foi adotado por uma francesa que se negou a acreditar que uma criança como ele pudesse ser um caso perdido.
Marguerit Duvas provou que estava certa. Com ela, Roberto aprendeu a ler e a escrever, a falar francês e, principalmente, a dar e receber afeto. Aprendeu a ter autoestima e autoconfiança. Na França, descobriu a arte de contar histórias. De volta ao Brasil, se formou em Pedagogia e acabou se tornando o que ele mesmo define como o Embaixador do País das Maravilhas.
Pela história de vida, carisma e atitude positiva perante a vida, Roberto Carlos foi convidado a dar palestras em grandes empresas brasileiras. Com os recursos deste trabalho e como contador de histórias, ele toca um projeto mais importante que acontece dentro de sua própria casa. Há 14 anos, adotou o primeiro dos 13 rapazes, todos ex-meninos de rua, que hoje vivem sob sua tutela.
Depois de dar uma oportunidade para sair das drogas e da marginalidade, o pai adotivo tem ajudado os meninos a reencontrar valores como ética, cidadania, relacionamento humano e vida em sociedade.
Em um esforço conjunto, recolheram toneladas de materiais recicláveis e levantaram fundos para construir a casa em que vivem na periferia de Belo Horizonte. Todos estudam, têm uma perspectiva profissional e, principalmente, o convívio familiar. Em troca, cada um se compromete a adotar uma criança carente no futuro. Conheci a história do Roberto Carlos em sua entrevista no Jô Soares, que foi hilária. Aliás, repercute até hoje. Na minha opinião foi a melhor de todos os tempos. A entrevista aconteceu em dezembro de 2004 e, realmente, foi digna de uma excelente contador de histórias. Vejam abaixo:



Jô Soares - Parte 1

Jô Soares - Parte 3

Jô Soares - Parte 4

Jô Soares - Parte 5



E a história real de Roberto Carlos Ramos inspirou o filme O Contador De Histórias. Tenho certeza que o filme promete e quero assistí-lo assim que possível. A produção, que se passa nos anos 70, tem algo de peculiar também nos bastidores. Os três garotos que interpretam o personagem principal aos 7, 13 e 18 anos (Marco Antonio, Paulo Henrique e Cleiton) foram escolhidos entre meninos da periferia da capital mineira entre centenas de inscritos. Na vida real, eles vivem ou são testemunhas de realidades parecidas com a do protagonista. Os três acabam de dividir o prêmio de melhor ator no primeiro festival em que o filme foi exibido, em Paulínia, no interior de São Paulo. A produção foi escolhida ainda como melhor filme de ficção pelo júri popular e levou o prêmio especial do júri. O público vai poder conferir o motivo da repercussão e empatia imediata, na estreia nacional, em 7 de agosto. O filme é dirigido por Luiz Villaça.



Um comentário:

  1. Eu participo da mesma opinião desde que assisti a entrevista fiquei comovida e ao mesmo tempo feliz, não dá para explicar direito o que senti, e nunca mais esqueci esta história. Não sabia do filme mais vou assisti-lo e recomendar a todos que conheço, eu mesma sou um contadora da história do Roberto e da Francesa que o ajudou, uma prova de AMOR ao próximo de doação e grandeza pela vida dos dois, quanto coração. Que Deus os abençõe sempre e lhes dê muitas felicidades.

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