Na reta final do Brasileirão 2009 presenciamos duas brigas entre jogadores de suas próprias equipes, em menos de uma semana e, coincidência ou não, entre jogadores de duas equipes do topo da tabela (Palmeiras e São Paulo). Até ontem, as duas equipes brigavam pelo título. Agora, segundo o próprio Marcos, goleiro do Palmeiras, o sonho verde acabou.
No caso do São Paulo, o desentendimento aconteceu entre os jogadores Hugo e André Dias, durante a partida contra o Vitória, no último sábado, 14/11. O Tricolor venceu por 2x0, mas ainda no primeiro tempo o meia Hugo foi empurrado pelo zagueiro André Dias, que levou um tapa no rosto. Resultado: ambos levaram amarelo e terão de cumprir suspensão automática na próxima rodada. As justificativas foram: a vontade de vencer e o calor da partida. Segundo os próprios jogadores e o resto do time, eles são amigos, foi coisa de jogo e tudo acabou "bem".
Situação pior viveu o Palmeiras na noite de ontem, 18/11, no jogo contra o Grêmio, após o episódio da briga em campo entre os jogadores Obina e Maurício e a derrota por 2 x 0 que praticamente tirou o time da luta pelo título. Ao fim do primeiro tempo os dois jogadores tiveram uma discussão áspera por causa do gol de Rafael Marques que abriu o placar para o Grêmio. Maurício não gostou de ser cobrado por Obina e tentou acertar um tapa no atacante, que revidou com um soco. O árbitro Heber Roberto Lopes (Fifa-PR), na volta do intervalo, expulsou os dois, que, mais tarde, foram demitidos pela diretoria do clube. A demissão foi decidida ainda no vestiário, logo após a partida. Já li que Maurício chorou a madrugada toda.
Desentendimentos entre membros de uma mesma equipe, grupo, família, etc., ocorrem todos os dias e acho normal. Ninguém tem nervos de aço e a convivência humana e a aceitação das diferenças não são coisas fáceis de se lidar. Ainda mais em certas situações de stress e cobrança, como é o caso de uma partida de futebol, por exemplo. Agora, que tá faltando profissionalismo e maturidade pra muitos jogadores por aí, isso tá. Sou mulher e falar de futebol é tarefa muito mais confortável para os homens, com algumas exceções, claro. Mas o que sei é que o sonho de todo garoto brasileiro é chegar lá, onde esses jogadores estão. Tornarem-se profissionais fazendo o que mais amam, ganhando muito dinheiro, mudando seus próprios destinos e os de suas famílias. Mais que isso, tornarem-se ídolos de imensas torcidas nacionais e internacionais. Chegando lá, jogar tudo pro alto pelo calor da emoção do momento não faz muito sentido pra mim. Até pra brigar, temos que saber escolher a hora. E eu falo de discussão, no máximo uns palavrões e um tom de voz mais elevado (o que já não é legal, mas estamos falando da paixão nacional neh?). Pra sair na porrada então, nem se fala. Nem sei se existe hora certa pra isso (só sei que o lugar certo não é na frente de todo mundo), mas não vivemos em um conto de fadas e todo mundo sabe que vontade, às vezes, não falta a ninguém. Quem nunca teve vontade de partir pra cima daquele chefe insuportável, daquele colega de trabalho folgado, daquele outro arrogante, do motorista do carro que te fechou no trânsito, ou até mesmo do familiar ou ente querido que acordou pra te enlouquecer naquele dia??? Todo mundoooo!!! A agressividade faz parte do ser humano. O que não dá é pra sair por aí abrindo mão de amizades, amores, empregos e, principalmente, da paz, por conta de não sermos maduros o suficiente para controlar essa agressividade e por não sabermos utilizar o bom senso nas situações "limite". Fácil falar, difícil fazer. Pra uma situação chegar aos extremos, geralmente, muita coisa acontece antes. Eu só acho que esse deve ser um exercício diário para que não aconteçam mais situações tristes como essas, dá pena de ver alguns desfechos. Pode ser que pra um desses jogadores, tal fato passe a ser apenas uma mancha numa carreira brilhante que ainda está por vir. Mas pode ser que pra outro, tal fato seja sinônimo de abrir mão de um sonho, ter que começar do zero ou até mesmo, não ter essa chance. Nunca se sabe. Por isso, para nosso próprio bem e para a paz geral, é melhor não arriscar. Não é fácil controlar um impulso, não é fácil ter paciência, não é fácil segurar as emoções, mas é pra isso que estamos aqui, não é? Para aprender. Para conviver. Desejo juízo a esses garotos cada vez mais novos e despreparados. Para os mais velhos que ainda se envolvem em situações assim, desejo mais que juízo. Desejo Semancol.
SÃO PAULO 2 X 0 VITÓRIA - BRIGA ENTRE HUGO E ANDRÉ DIAS
PALMEIRAS 0 X 2 GRÊMIO - BRIGA ENTRE OBINA E MAURÍCIO
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